Pular para o conteúdo principal

CORRUPÇÃO:Altamiro Borges: A conta tucana de R$ 64 milhões na Suíça

No livro "A privataria tucana", o premiado jornalista Amaury Ribeiro Jr. demonstra, com farta documentação, que os tucanos são craques em utilizar contas bancárias nos exterior, principalmente em paraísos fiscais. José Serra, sua filha, seu ex-genro, entre outros, são listados no best-seller, que já vendeu mais de 130 mil exemplares. 


Por Altamiro Borges*, em seu Blog 


A revista IstoÉ desta semana confirma a sua tese. Ela revela que o PSDB mantém uma conta de R$ 64 milhões na Suíça. Quando a publicação iniciou sua série sobre o propinoduto tucano, o restante da mídia fez silêncio. 

A pressão das ruas e das redes, porém, obrigou-a a tratar do tema, rompendo a blindagem. E agora, como a imprensa tucana tratará o novo escândalo? Confira abaixo a íntegra da reportagem de Claudio Dantas Sequeira e Pedro Marcondes de Moura:


A conta secreta do propinoduto
Na edição da semana passada, IstoÉ revelou quem eram as autoridades e os servidores públicos que participaram do esquema de cartel do Metrô em São Paulo, distribuíram a propina e desviaram recursos para campanhas tucanas, como operavam e quais eram suas relações com os políticos do PSDB paulista.
Agora, com base numa pilha de documentos que o Ministério da Justiça recebeu das autoridades suíças com informações financeiras e quebras de sigilo bancário, já é possível saber detalhes do que os investigadores avaliam ser uma das principais contas usadas para abastecer o propinoduto tucano. De acordo com a documentação obtida com exclusividade por IstoÉ, a até agora desconhecida “conta Marília”, aberta no Multi Commercial Bank, hoje Leumi Private Bank AG, sob o número 18.626, movimentou apenas entre 1998 e 2002 mais de 20 milhões de euros, o equivalente a R$ 64 milhões. O dinheiro é originário de um complexo circuito financeiro que envolve offshores, gestores de investimento e lobistas.
Uma análise preliminar da movimentação da “conta Marília” indica que Alstom e Siemens partilharam do mesmo esquema de suborno para conseguir contratos bilionários com sucessivos governos tucanos em São Paulo. Segundo fontes do Ministério Público, entre os beneficiários do dinheiro da conta secreta está Robson Marinho, o conselheiro do Tribunal de Contas que foi homem da estrita confiança e coordenador de campanha do ex-governador tucano Mário Covas. Da “Marília” também saíram recursos para contas das empresas de Arthur Teixeira e José Geraldo Villas Boas, lobistas que serviam de intermediários para a propina paga aos tucanos pelas multinacionais francesa e alemã.
O lobista Arthur Teixeira personifica o elo entre os esquemas Alstom e Siemens. Como IstoÉ já revelou numa série de reportagens recentes, com base nas investigações em curso, Teixeira e seu irmão Sérgio (já falecido) foram responsáveis por abrir as empresas Procint e Constech, além das offshores Leraway Consulting e Gantown Consulting, no Uruguai, com o único objetivo de servir de ponte ao pagamento de comissões a servidores públicos e a políticos do PSDB. Teixeira tinha acesso privilegiado ao secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, e ao diretor de Operação e Manutenção da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), José Luiz Lavorente, o encarregado da distribuição em mãos da propina.
Até 2003 conhecido como Multi Commercial Bank, depois Safdié e, a partir de 2012, Leumi Private Bank AG, a instituição bancária tem um histórico de parcerias com governos tucanos. Em investigações anteriores, o MP já havia descoberto uma outra conta bancária nesse banco em nome de Villas Boas e de Jorge Fagali Neto, ex-secretário de Transportes Metropolitanos de SP (1994, gestão de Luiz Antônio Fleury Filho) e ex-diretor dos Correios (1997) e de projetos de ensino superior do Ministério da Educação (2000 a 2003) na gestão Fernando Henrique Cardoso. Apesar de estar fora da administração paulista numa das épocas do pagamento de propina, Fagali manteria, segundo a Polícia Federal, ascendência e contatos no governo paulista. Por isso, foi indiciado pela PF sob acusação de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Fagali Neto também é irmão de José Jorge Fagali, que presidiu o Metrô na gestão de José Serra. José Jorge é acusado pelo MP e pelo Tribunal de Contas Estadual de fraudar licitações e assinar contratos superfaturados à frente do Metrô.
Para os investigadores, a “conta Marília” funcionaria como uma espécie de “conta master”, usada para gerenciar recursos de outras que, por sua vez, abasteceram empresas e fundações de fachada, como Hexagon Technical Company, Woler Consultants, Andros Management, Janus, Taltos, Splendore Associados, além da já conhecida MCA Uruguay e das fundações Lenobrig, Nilton e Andros. O MP chegou a pedir, sem sucesso, às autoridades suíças e francesas o arresto de bens e o bloqueio das contas das pessoas físicas e jurídicas citadas. Os pedidos de bloqueio foram reiterados pelo DRCI, mas não foram atendidos. Os investigados recorreram ao STJ para evitar ações similares no Brasil.
O MP já havia revelado a existência das contas Orange (Laranja) Internacional, operada pelo MTB Bank de Nova York, e Kisser (Beijoqueiro) Investment, no banco Audi de Luxemburgo. Ou seja, “Marília” é mais um nome próprio no dicionário da corrupção tucana. Sabe-se ainda que o cartel operado pelas empresas Siemens e Alstom, em companhia de empreiteiras e consultorias, usava e-mails cifrados (leia quadro).
Os novos dados obtidos pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça dão combustível para o aprofundamento das investigações no Brasil. Além do processo administrativo aberto pelo Cade sobre denúncia de formação de cartel nas licitações de São Paulo e do Distrito Federal, outras duas ações sigilosas, uma na 6ª Vara Federal Criminal e outra na 13ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, apuram crimes contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro e improbidade administrativa. Além de altos funcionários do Metrô, como os já citados Lavorente e Fagali, as investigações apuram a participação do ex-secretário de Energia e vereador Andrea Matarazzo, em razão de contratos celebrados entre a Companhia de Energia de São Paulo (CESPE) e a Empresa Paulista de Transmissão de Energia Elétrica S.A. (EPTE).
Na documentação encaminhada pelo DRCI ao MP de São Paulo, a pedido do promotor Silvio Marques, também constam novos dados bancários de vários executivos franceses, alemães e brasileiros que tiveram algum tipo de participação no esquema de propinas. São eles os franceses Michel Louis Mignot, Yves Barbier de La Serre, André Raymond Louis Botto, Patrick Ernest Morancy, Jean Pierre Antoine Courtadon e Jean Marcel Jackie Lannelongue e os brasileiros José Amaro Pinto Ramos, Sabino Indelicato e Luci Lopes Indelicato, além do alemão Oskar Holenwger, que operou em toda a América Latina. Na Venezuela, Holenwger é citado junto a Mignot, La Serre, Morancy e Botto em investigação sobre lavagem de dinheiro, apropriação indébita qualificada, falsificação de documentos e suposta corrupção de funcionários públicos do setor de energia.
O apoio das autoridades de França e Suíça às investigações brasileiras não tem sido tão fácil, e a cooperação é mais recente do que se pensava. O Ministério da Justiça chegou a pedir o compartilhamento de informações ainda em 2008 – auge da investigação da Siemens e da Alstom. Mas não foi atendido. Os franceses lembraram que, nos termos do acordo bilateral, a cooperação só pode se desenrolar por via judicial. Dessa forma, foi necessário notificar o Ministério Público Federal para que oficiasse junto à 6ª Vara Criminal Federal e à 13ª Vara da Fazenda Pública. O compartilhamento só foi efetivado em dezembro de 2010.
A Suíça, ainda em março de 2010, solicitou a cooperação brasileira na apuração das denúncias lá, uma vez que parte do dinheiro envolvido nas transações criminosas teria sido depositada em bancos suíços. Os primeiros dados, relativos à empresa MCA e ao Banco Audi de Luxemburgo, chegaram ao Brasil em julho de 2011. Foram solicitadas ainda oitivas com determinadas testemunhas, o que foi encaminhado ao MPF em São Paulo e à Procuradoria Geral da República (PGR). 
Paralelamente, a Polícia Federal abriu o inquérito nº 0006881-06.2010.403.6181, mas só no último dia 25 de julho o procurador suíço enviou às autoridades os dados bancários solicitados, por meio de uma decisão denominada “conclusive decrees”, proferida em 14 e 24 de junho. Foi com base nisso que a Suíça já bloqueou cerca de 7,5 milhões de euros que estavam na conta conjunta de Fagali e Villas Boas, no Safdié. Tratou-se de uma decisão unilateral suíça e a cifra não é oficial – foi fornecida ao Ministério da Justiça por fonte informal. A Suíça só permite o uso dos dados enviados em procedimentos criminais.

*Altamiro Borges é blogueiro e secretário Nacional de Mídia do PCdoB.

Postagens mais visitadas deste blog

Mulher dança mostrando a vagina em festa de rua na Ribeira

Moradores da região ficaram chocados com a falta de respeito Em uma festa de rua no bairro da Ribeira na semana passada, uma mulher chocou moradores protagonizando uma dança para lá de esquisita. Ela levantava o vestido, chegando a puxar o biquíni para mostrar a parte íntima. A ‘dançarina’ ainda permitiu que o público esfregasse notas de dinheiro na vagina dela. Segundo a polícia, o acompanhamento realizado em festas só ocorre quando há um pedido oficial feito da produção de eventos formais. Em casos como a festa onde a ‘artista’ se apresentou, em que populares festejam ao som de automóveis, a polícia só atua quando é acionada ou se houver flagrante durante uma ronda. Foto: Reprodução Foto: Reprodução Foto: Reprodução

DANI WINITS USA VESTIDO TRANSPARENTE DE RENDA SEM SUTIÃ: LUXO OU LIXO?

Nesta semana, dezenas de famosos marcaram presença no Prêmio Multishow, no Rio de Janeiro. No entanto, Danielle Winits  foi o centro das atenções ao surgir com um vestido longo totalmente transparente de rendas e cristais. Por baixo da peça, a atriz optou por hot pants preta e preferiu não usar sutiã,  já que a peça tinha um enorme decote nas costas.  Os cristais bordados no vestido não foram suficientes para cobrir os seios da bela, que acabou mostrando demais. A peça, criada pelo estilista  Rodrigo Rosner  e avaliada em R$ 13 mil, deixou evidente a boa forma da atriz, que desfilou segura pelo evento. Nos pés, Dani usou sandálias pretas e altas, que acabaram sendo cobertas pelo tecido do look.  Como acessório, a loira optou por brincos longos e prateados, que ficaram em evidência. Os cabelos surgiram presos em um rabo-de-cavalo. Nas mãos, a estrela usou um anel preto e esmalte escuro. Por fim, o make da bela foi simples, com os olhos marcados com delineador preto, os característic

A importância da Enfermagem na Representatividade Politica

  Por anos, a categoria de Enfermagem vem buscando alcançar através de árduas lutas suas dignidade profissional, mediante a complexidade das teorias, conceitos, princípios e processos que a regem. Democraticamente, a população, através de eleições periódicas, escolhe seus representantes nas esferas dos Poderes Executivo e Legislativo. Sendo o Legislativo, responsável por elaborar o conjunto de leis que regem a vida das pessoas para o funcionamento do Estado, é importante que se tenha representante da referida categoria para defender os seus direitos e a sua valorização, enquanto profissional da Saúde. Para isto, torna-se necessário, maior determinação desses profissionais da Enfermagem, conhecer mais de perto esse universo político, (que faz parte do dia a dia de todo cidadão brasileiro) para de fato, entender, participar e saber cobrar dos seus representantes, ações (projetos de leis) concretas e ágeis que venham contemplar as necessidades, os direitos desses trabalhadores. E através